A DOUTRINA DO SÉTIMO DIA
Texto Áureo: Êxodo: 20. 3 - 17
INTRODUÇÃO:
Embora haja
muita gente que se refere ao sétimo dia como sendo o “Sábado judaico”, a Bíblia
revela que o Sábado antecede os Judeus em muitos séculos. As raízes deste dia
especial recuam até à própria Criação.
Génesis
2:1-3 declara que, depois de Deus ter completado os seus atos de Criação em
seis dias, Ele repousou no sétimo dia e depois “abençoou Deus o dia sétimo, e o
santificou”. Isto demonstra claramente o lugar sublime do Sábado na obra de
Criação realizada por Deus. Além da bênção pronunciada sobre ele, o Sábado
também foi “santificado”. Por outras palavras, Deus aplicou algumas das Suas
próprias qualidades a este monumento feito do tempo.
1 – SÁBADO DO 7º DIA
1.1 – UM MANDAMENTO PARA TODOS
A
diferença mais assinalável entre os dois mandamentos é a razão para a
observância do Sábado. Êxodo faz uma referência direta a Génesis 2:3 ao realçar
o facto de que Deus simultaneamente “abençoou” e “santificou” o dia de Sábado.
Por outro lado, Deuteronômio 5: 15 aponta para a libertação divina de Israel da
escravidão egípcia como a razão para a guarda do Sábado. Com base no texto de
Deuteronômio, muitos acreditam que o Sábado é unicamente para os Judeus.
Contudo, este argumento ignora totalmente o facto de que Êxodo aponta para a
Criação, quando Deus determinou o Sábado para toda a Humanidade. “E aos
estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do
Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o
profanando, e os que abraçarem o meu pacto, sim, a esses os levarei ao meu
santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os
seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada
casa de oração para todos os povos” (Isaías 56. 6 – 7).
1.2 – UM SIMBOLO DE REDENÇÃO
O
Sábado na referência de Deuteronômio mostra a libertação do Egito como
simbologia da salvação que temos em Cristo. Daí que o Sábado seja um símbolo
não só da Criação, mas também da Redenção, dois temas que estão na Bíblia
ligados um ao outro (Heb. 1:1-3; Col. 1:13-20; João 1:1-14). É unicamente
devido ao facto de Jesus ser o nosso Criador que Ele pode ser também o nosso
Redentor, sendo o Sábado do Sétimo Dia um símbolo da Sua atuação em ambas as
funções.
1.3 – UM MANDAMENTO PERSEQUIDO
A
instituição do Sábado, que se originou no Éden, é tão antiga como o próprio
mundo. Foi observado por todos os patriarcas, desde a Criação. Durante o
cativeiro no Egito, os Israelitas foram obrigados pelos seus capatazes a violar
o Sábado, e, em grande parte, perderam o conhecimento da sua santidade. Quando
a Lei foi proclamada no Sinai, as primeiras palavras do quarto mandamento
foram: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Êxodo. 20:8), mostrando
que o Sábado não foi instituído nesse momento, mas que nos aponta para a sua
origem na Criação. A fim de apagar a lembrança de Deus da mente dos homens,
Satanás tencionava destruir este grande memorial. Se os homens pudessem ser
levados a esquecer-se do seu Criador, não fariam esforços para resistir ao
poder do mal, e Satanás estaria certo da sua presa. – Patriarcas e Profetas, p.
294 (Ed. P. SerVir).
2 – O PORQUÊ DO SÁBADO
2.1 – SINAL E SELO MEMORIAL
O
Senhor quer que o Seu povo seja um povo separado e peculiar, ostentando o sinal
e o selo do Sábado, preservando o memorial, o sétimo dia, em que o Senhor
descansou depois da obra da Criação. “E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou;
porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera” (Gên. 2:3).
Ele deu o Sábado ao homem como dia de descanso, quando o Seu povo pode
reunir-se para O adorar e estar em íntima relação com Deus. Todo o Céu está
interessado na adoração do povo de Deus. – Review and Herald, 21 de junho de
1898.
2.2 – MEMORIAL DE DEUS
O
Sábado foi dado a toda a Humanidade para comemorar a obra da Criação. O grande
Jeová, quando lançou os fundamentos da Terra, quando revestiu o mundo inteiro
de beleza e criou todas as maravilhas da terra e do mar, instituiu o dia de
Sábado e santificou-o. Quando as estrelas da alva cantavam juntas e todos os
filhos de Deus rejubilavam de alegria, o Sábado foi posto à parte como memorial
de Deus. O Senhor santificou e abençoou o dia em que descansara de toda a Sua
maravilhosa obra. E este Sábado, santificado por Deus, deveria ser guardado
como concerto perpétuo. Era um memorial que deveria permanecer de século em
século, até ao fim da história da Terra. “Pois assim diz o Senhor a respeito
dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem as coisas que me agradam, e
abraçam o meu pacto: Dar-lhes-ei na minha casa e dentro dos meus muros um
memorial e um nome melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a
cada um deles, que nunca se apagará” (Isaías 56. 4 – 5).
2.3 – A OBSERVANCIA DO SÁBADO
Deus
tirou os Hebreus da servidão egípcia e ordenou-lhes que observassem o Seu
Sábado e guardassem a Lei dada no Éden. Cada semana, Ele operava um milagre
para lhes fixar na mente o facto de que instituíra o Sábado no começo do mundo.
Através do profeta Isaías, Deus fala assim das Suas obras em favor de Israel:
“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho.… Todavia,
eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que
eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor” (Oséias.
11:1-4). Através do Salmista, diz: “E tirou dali o seu povo com alegria, e os
seus escolhidos com regozijo… para que guardassem os seus preceitos, e
observassem as suas leis” (Sal. 105:43, 45). – Review and Herald, 30 de agosto
de 1898.
3 – DIA DE DESCANSO
3.1 – UM TEMPO ESPECIAL COM DEUS
A
maior parte dos textos sobre o Sábado no Velho Testamento fala do Sábado como
um dia de descanso. A forma como se compreende “descanso” em muitas línguas
modernas pode levar alguns a acreditarem que o Sábado deve ser passado a dormir
e, de modo geral, a descontrair. Ainda que possamos definitivamente desfrutar
de tais atividades no dia de Sábado, o verdadeiro significado de descanso é
“cessação”, “interrupção” ou “pausa”. O Sábado é um tempo em que podemos fazer
um intervalo na rotina do trabalho dos primeiros seis dias e passar tempo
especial com o Criador.
3.2 – A GUARDA DO SÁBADO, UM COSTUME DE
CRISTO
No
tempo de Cristo, os Judeus celebravam um culto divino semanal no Sábado, Jesus
seguia normalmente este costume: “Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou
na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler”
(Lucas 4: 16). Quem vivia em Jerusalém tinha a possibilidade de participar em
cerimónias especiais de oração no Templo, onde a liturgia era diferente da que
era seguida noutros dias da semana. Os Judeus que viviam noutras partes do
mundo criaram a sinagoga como um lugar de reunião social e de culto de
adoração. No dia de Sábado, desde que estivesse presente um mínimo de dez
homens, poderia ter lugar uma cerimónia de culto divino.
3.3 – OS VERDADEIROS CRISTÃO SEMPRE GUARDARAM
O SÁBADO
Tendo em conta as suas raízes judaicas, era natural
que os primeiros Cristãos prestassem culto de adoração no dia determinado pelo
Velho Testamento. No entanto, quase vinte anos após a ascensão de Jesus, era
ainda “costume” do apóstolo Paulo frequentar uma sinagoga no dia de Sábado
(Atos 17:2). Assim sendo, não há nenhuma evidência bíblica que mostre que os
primeiros Cristãos guardaram o domingo em vez de o Sábado. De acordo com o
quarto mandamento, o Sábado foi dedicado ao repouso e ao culto religioso. Toda
a atividade secular deveria ser suspensa, mas as obras de misericórdia e
beneficência estavam em harmonia com o propósito do Senhor. Elas não deviam ser
limitadas pelo tempo ou pelo lugar. Aliviar os aflitos, confortar os tristes, é
um trabalho de amor que traz honra ao santo dia de Deus
4
– A CURA DA
MULHER ENFERMA
4.1 – O ato
de Cristo dentro da sinagoga. A cura da mulher enferma, relatada apenas
por Lucas 13: 10-17, é aparentemente o último ato realizado por Cristo na
sinagoga. A crescente oposição das autoridades deve ter impossibilitado que
Cristo prosseguisse em seu ministério sabático na sinagoga. Este episódio
comparado ao da cura do homem com a mão ressequida (Luc. 6:6-11), mostra uma
substancial evolução. Isto pode ser visto tanto na atitude mais decidida de
Cristo que automaticamente entrou em ação declarando a mulher “livre” de sua
enfermidade (Luc. 13:12) sem ser solicitado, como em sua pública repreensão ao
chefe da sinagoga. As autoridades também protestaram – neste caso o chefe da
sinagoga – e desta vez não foi do lado de fora, mas de dentro da sinagoga, condenando
publicamente toda a congregação por buscar a cura no sábado (Luc. 13:14).
4.2 – A função redentora do sábado é demonstrada.
A função
redentora do sábado é expressa mais explicitamente. O verbo “libertar” é agora
usado para esclarecer o significado do sábado. É difícil acreditar então, que o
verbo estava sendo usado por Cristo acidentalmente, pois nesta breve narrativa
ele ocorre três vezes, embora na tradução inglesa RSV cada vez seja usado um
sinônimo diferente: “livrar, desprender, soltar” (Luc. 13: 12, 15, 16).
O verbo é usado por Cristo primeiramente ao
dirigir-se à mulher: “Estás livre da tua enfermidade” (v. 12). A mulher que por
dezoito anos “andava encurvada” (v. 11) diante das palavras de Cristo
“imediatamente se endireitou e dava glória a Deus” (v. 13). A reação do chefe
da sinagoga destacou o contraste entre a predominante perversão do sábado, de
um lado, e o esforço de Cristo para restaurar ao sábado o seu verdadeiro
significado, de outro. “Seis dias há em se deve trabalhar” disse o chefe da
sinagoga, “vinde, pois, nesses dias para serdes curados” (v. 14). Para o
administrador, que considerava o sábado apenas como regra a obedecer em vez de
pessoas a amar, a cura era uma obre imprópria para o sábado. Todavia, para
Cristo, que se preocupava em restaurar todo o ser, não havia melhor dia que o
sábado para realizar esse ministério redentor.
5 – O PARALÍTICO E O CEGO
5.1 – O
sábado e a obra de salvação. A relação existente entre o sábado e a obra
salvadora está bem evidente nos dois milagres aos sábados relatados no
Evangelho de João (João 5:1-18; 9:1-41). Devido à sua substancial semelhança,
vamos considera-los juntos. A semelhança é notada em vários aspectos. Os dois
homens curados haviam sido doentes crônicos: um inválido por 38 anos (5:5) e o outro,
cego de nascença (9:2). Nos dois exemplos, Cristo disse aos homens para agirem.
Ao inválido ele disse: “Levanta, toma a tua cama e anda” (5:8); e ao cego: “Vai
lava-te no tanque de Siloé” (9:7). Em ambos os casos os fariseus acusaram a
Cristo formalmente de quebrar o sábado e consideraram isto como uma evidência
de que ele não era o Messias: “Esse homem não é de Deus, porque não guarda o
sábado” (9:16; cf 5:18). Nas duas situações, a acusação contra Cristo não
envolve primariamente a ação da cura em si, mas violação das leis rabínicas do
sábado, quando ordenou que o paralítico levasse a sua cama (5:8, 10, 12) e
quando preparou o barro (9:6, 14). Nos dois exemplos Cristo repudiou a acusação
de violar o sábado, argumentando que suas obras de salvação não eram impedidas
e sim previstas pelo mandamento do sábado (5:17; 7:23; 9:4).
5.2 – O
sábado não foi invalidado. O sábado para Cristo, o dia de trabalhar
para a redenção de todo o homem. Nas duas curas, realmente, Cristo encontrou
mais tarde, no mesmo dia, os homens curados, e ministrou quanto a suas
necessidades espirituais (João 5:14; 9:35-38). Seus oponentes não podem
perceber a natureza redentora do ministério de Cristo aos sábado porque eles
“julgam segundo a aparência” (7:24). Considerando o fato de o paralítico
carregar a cama no sábado mais importante do que a restauração física e a
reunificação social que isto simbolizou (5:10-11). Achando que misturar o lodo
no sábado seria mais significativo do que a restauração da vista ao cego (9:14,
15, 26).
As provocadoras infrações dos regulamentos
rabínicos por parte de Cristo (tais como carregar uma cama ou misturar lodo no
sábado) destinavam-se não a invalidar o mandamento do sábado, mas a restaurar o
dia à sua função positiva.
6
– A COLHEITA
DAS ESPIGAS
6.1 – A acusação dos rabinos.
O episódio da colheita das espigas narrado
em três Evangelhos (Marcos 2:23-28; Mateus 12:1-8; Lucas 6:1-5), traz a opinião
dos rabinos, onde para eles os discípulos eram acusados de várias culpas. Por
apanharem as espigas eram culpados de colher, pelo ato de as esfregarem
em suas mãos eram culpados de joeirar; e por todo o procedimento eram
culpados de preparar uma refeição em dia de sábado. Portanto, conforme
sua ação como um notório desrespeito ao sábado, os fariseus censuram a Cristo,
dizendo: “Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábado?” (Mar. 2:24).
6.1 – A primeira defesa.
É estranho, antes de qualquer coisa, que os
discípulos estivessem matando a fome comendo espigas cruas colhidas ao longo da
margem de um campo. Além disso, onde eles estavam indo em um sábado? O fato de
os fariseus não fazerem nenhuma objeção à distância que estavam percorrendo
sugere que não era superior a uma jornada de sábado – pouco mais de um
quilômetro. Os textos nada dizem sobre o seu destino, mas a presença dos
fariseus entre eles em dia de sábado sugere a possibilidade de Cristo e os
discípulos terem assistido ao serviço na sinagoga e, não tendo recebido nenhum
convite para comer, estarem passando pelos campos para procurar um lugar de
descanso.
6.1 – A segunda defesa. Cristo
lembrou aos fariseus que Davi e seus homens uma vez saciaram a fome comendo os
pães da proposição, o que só era permitido aos sacerdotes (I Sam. 21:1-7). A
implicação é clara. Se era direito para Davi aliviar a fome comendo pão
consagrado ao uso santo, então também era direito para os discípulos
satisfazerem suas necessidades colhendo espigas durante o tempo sagrado.
Trata-se de um momento excepcional e não de violação.
CONCLUSÃO
O Sábado não se destina a ser um período de inútil
inatividade. A Lei proíbe trabalho secular no dia de repouso do Senhor; aquilo
que constitui o ganha pão deve cessar; nenhum trabalho que vise prazer ou
proveito mundanos é lícito nesse dia; mas, como Deus cessou o Seu labor de
criar e repousou no Sábado e o abençoou, assim deve o homem deixar as ocupações
da vida diária e dedicar essas horas sagradas a um repouso saudável, ao culto e
às boas obras. O ato de Cristo em curar o doente estava de perfeito acordo com
a Lei. Era uma obra que honrava o Sábado. Esse trabalho de aliviar os
sofredores foi considerado pelo nosso Salvador como obra de misericórdia e não
uma violação do Sábado. Deve atender-se às necessidades da vida, cuidar dos
doentes, suprir as faltas dos necessitados. O santo dia de repouso de Deus foi
feito para o homem e os atos de misericórdia estão em perfeita harmonia com o
Seu propósito.
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