domingo, 26 de junho de 2016

O SÉTIMO DIA


A DOUTRINA DO SÉTIMO DIA



Texto Áureo: Êxodo: 20. 3 - 17



INTRODUÇÃO:

Embora haja muita gente que se refere ao sétimo dia como sendo o “Sábado judaico”, a Bíblia revela que o Sábado antecede os Judeus em muitos séculos. As raízes deste dia especial recuam até à própria Criação.

Génesis 2:1-3 declara que, depois de Deus ter completado os seus atos de Criação em seis dias, Ele repousou no sétimo dia e depois “abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou”. Isto demonstra claramente o lugar sublime do Sábado na obra de Criação realizada por Deus. Além da bênção pronunciada sobre ele, o Sábado também foi “santificado”. Por outras palavras, Deus aplicou algumas das Suas próprias qualidades a este monumento feito do tempo.

1 – SÁBADO DO 7º DIA

1.1 – UM MANDAMENTO PARA TODOS

A diferença mais assinalável entre os dois mandamentos é a razão para a observância do Sábado. Êxodo faz uma referência direta a Génesis 2:3 ao realçar o facto de que Deus simultaneamente “abençoou” e “santificou” o dia de Sábado. Por outro lado, Deuteronômio 5: 15 aponta para a libertação divina de Israel da escravidão egípcia como a razão para a guarda do Sábado. Com base no texto de Deuteronômio, muitos acreditam que o Sábado é unicamente para os Judeus. Contudo, este argumento ignora totalmente o facto de que Êxodo aponta para a Criação, quando Deus determinou o Sábado para toda a Humanidade. “E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu pacto, sim, a esses os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Isaías 56. 6 – 7).

1.2 – UM SIMBOLO DE REDENÇÃO

O Sábado na referência de Deuteronômio mostra a libertação do Egito como simbologia da salvação que temos em Cristo. Daí que o Sábado seja um símbolo não só da Criação, mas também da Redenção, dois temas que estão na Bíblia ligados um ao outro (Heb. 1:1-3; Col. 1:13-20; João 1:1-14). É unicamente devido ao facto de Jesus ser o nosso Criador que Ele pode ser também o nosso Redentor, sendo o Sábado do Sétimo Dia um símbolo da Sua atuação em ambas as funções.

1.3 – UM MANDAMENTO PERSEQUIDO

A instituição do Sábado, que se originou no Éden, é tão antiga como o próprio mundo. Foi observado por todos os patriarcas, desde a Criação. Durante o cativeiro no Egito, os Israelitas foram obrigados pelos seus capatazes a violar o Sábado, e, em grande parte, perderam o conhecimento da sua santidade. Quando a Lei foi proclamada no Sinai, as primeiras palavras do quarto mandamento foram: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Êxodo. 20:8), mostrando que o Sábado não foi instituído nesse momento, mas que nos aponta para a sua origem na Criação. A fim de apagar a lembrança de Deus da mente dos homens, Satanás tencionava destruir este grande memorial. Se os homens pudessem ser levados a esquecer-se do seu Criador, não fariam esforços para resistir ao poder do mal, e Satanás estaria certo da sua presa. – Patriarcas e Profetas, p. 294 (Ed. P. SerVir).

2 – O PORQUÊ DO SÁBADO

2.1 – SINAL E SELO MEMORIAL

O Senhor quer que o Seu povo seja um povo separado e peculiar, ostentando o sinal e o selo do Sábado, preservando o memorial, o sétimo dia, em que o Senhor descansou depois da obra da Criação. “E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera” (Gên. 2:3). Ele deu o Sábado ao homem como dia de descanso, quando o Seu povo pode reunir-se para O adorar e estar em íntima relação com Deus. Todo o Céu está interessado na adoração do povo de Deus. – Review and Herald, 21 de junho de 1898.

2.2 – MEMORIAL DE DEUS

O Sábado foi dado a toda a Humanidade para comemorar a obra da Criação. O grande Jeová, quando lançou os fundamentos da Terra, quando revestiu o mundo inteiro de beleza e criou todas as maravilhas da terra e do mar, instituiu o dia de Sábado e santificou-o. Quando as estrelas da alva cantavam juntas e todos os filhos de Deus rejubilavam de alegria, o Sábado foi posto à parte como memorial de Deus. O Senhor santificou e abençoou o dia em que descansara de toda a Sua maravilhosa obra. E este Sábado, santificado por Deus, deveria ser guardado como concerto perpétuo. Era um memorial que deveria permanecer de século em século, até ao fim da história da Terra. “Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem as coisas que me agradam, e abraçam o meu pacto: Dar-lhes-ei na minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará” (Isaías 56. 4 – 5).

2.3 – A OBSERVANCIA DO SÁBADO

Deus tirou os Hebreus da servidão egípcia e ordenou-lhes que observassem o Seu Sábado e guardassem a Lei dada no Éden. Cada semana, Ele operava um milagre para lhes fixar na mente o facto de que instituíra o Sábado no começo do mundo. Através do profeta Isaías, Deus fala assim das Suas obras em favor de Israel: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho.… Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor” (Oséias. 11:1-4). Através do Salmista, diz: “E tirou dali o seu povo com alegria, e os seus escolhidos com regozijo… para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis” (Sal. 105:43, 45). – Review and Herald, 30 de agosto de 1898.

3 – DIA DE DESCANSO

3.1 – UM TEMPO ESPECIAL COM DEUS

A maior parte dos textos sobre o Sábado no Velho Testamento fala do Sábado como um dia de descanso. A forma como se compreende “descanso” em muitas línguas modernas pode levar alguns a acreditarem que o Sábado deve ser passado a dormir e, de modo geral, a descontrair. Ainda que possamos definitivamente desfrutar de tais atividades no dia de Sábado, o verdadeiro significado de descanso é “cessação”, “interrupção” ou “pausa”. O Sábado é um tempo em que podemos fazer um intervalo na rotina do trabalho dos primeiros seis dias e passar tempo especial com o Criador.

3.2 – A GUARDA DO SÁBADO, UM COSTUME DE CRISTO

No tempo de Cristo, os Judeus celebravam um culto divino semanal no Sábado, Jesus seguia normalmente este costume: “Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler” (Lucas 4: 16). Quem vivia em Jerusalém tinha a possibilidade de participar em cerimónias especiais de oração no Templo, onde a liturgia era diferente da que era seguida noutros dias da semana. Os Judeus que viviam noutras partes do mundo criaram a sinagoga como um lugar de reunião social e de culto de adoração. No dia de Sábado, desde que estivesse presente um mínimo de dez homens, poderia ter lugar uma cerimónia de culto divino.

3.3 – OS VERDADEIROS CRISTÃO SEMPRE GUARDARAM O SÁBADO
Tendo em conta as suas raízes judaicas, era natural que os primeiros Cristãos prestassem culto de adoração no dia determinado pelo Velho Testamento. No entanto, quase vinte anos após a ascensão de Jesus, era ainda “costume” do apóstolo Paulo frequentar uma sinagoga no dia de Sábado (Atos 17:2). Assim sendo, não há nenhuma evidência bíblica que mostre que os primeiros Cristãos guardaram o domingo em vez de o Sábado. De acordo com o quarto mandamento, o Sábado foi dedicado ao repouso e ao culto religioso. Toda a atividade secular deveria ser suspensa, mas as obras de misericórdia e beneficência estavam em harmonia com o propósito do Senhor. Elas não deviam ser limitadas pelo tempo ou pelo lugar. Aliviar os aflitos, confortar os tristes, é um trabalho de amor que traz honra ao santo dia de Deus

4   – A CURA DA MULHER ENFERMA
4.1 – O ato de Cristo dentro da sinagoga. A cura da mulher enferma, relatada apenas por Lucas 13: 10-17, é aparentemente o último ato realizado por Cristo na sinagoga. A crescente oposição das autoridades deve ter impossibilitado que Cristo prosseguisse em seu ministério sabático na sinagoga. Este episódio comparado ao da cura do homem com a mão ressequida (Luc. 6:6-11), mostra uma substancial evolução. Isto pode ser visto tanto na atitude mais decidida de Cristo que automaticamente entrou em ação declarando a mulher “livre” de sua enfermidade (Luc. 13:12) sem ser solicitado, como em sua pública repreensão ao chefe da sinagoga. As autoridades também protestaram – neste caso o chefe da sinagoga – e desta vez não foi do lado de fora, mas de dentro da sinagoga, condenando publicamente toda a congregação por buscar a cura no sábado (Luc. 13:14).
4.2 – A função redentora do sábado é demonstrada.
A função redentora do sábado é expressa mais explicitamente. O verbo “libertar” é agora usado para esclarecer o significado do sábado. É difícil acreditar então, que o verbo estava sendo usado por Cristo acidentalmente, pois nesta breve narrativa ele ocorre três vezes, embora na tradução inglesa RSV cada vez seja usado um sinônimo diferente: “livrar, desprender, soltar” (Luc. 13: 12, 15, 16).
O verbo é usado por Cristo primeiramente ao dirigir-se à mulher: “Estás livre da tua enfermidade” (v. 12). A mulher que por dezoito anos “andava encurvada” (v. 11) diante das palavras de Cristo “imediatamente se endireitou e dava glória a Deus” (v. 13). A reação do chefe da sinagoga destacou o contraste entre a predominante perversão do sábado, de um lado, e o esforço de Cristo para restaurar ao sábado o seu verdadeiro significado, de outro. “Seis dias há em se deve trabalhar” disse o chefe da sinagoga, “vinde, pois, nesses dias para serdes curados” (v. 14). Para o administrador, que considerava o sábado apenas como regra a obedecer em vez de pessoas a amar, a cura era uma obre imprópria para o sábado. Todavia, para Cristo, que se preocupava em restaurar todo o ser, não havia melhor dia que o sábado para realizar esse ministério redentor.
5  – O PARALÍTICO E O CEGO
5.1 – O sábado e a obra de salvação. A relação existente entre o sábado e a obra salvadora está bem evidente nos dois milagres aos sábados relatados no Evangelho de João (João 5:1-18; 9:1-41). Devido à sua substancial semelhança, vamos considera-los juntos. A semelhança é notada em vários aspectos. Os dois homens curados haviam sido doentes crônicos: um inválido por 38 anos (5:5) e o outro, cego de nascença (9:2). Nos dois exemplos, Cristo disse aos homens para agirem. Ao inválido ele disse: “Levanta, toma a tua cama e anda” (5:8); e ao cego: “Vai lava-te no tanque de Siloé” (9:7). Em ambos os casos os fariseus acusaram a Cristo formalmente de quebrar o sábado e consideraram isto como uma evidência de que ele não era o Messias: “Esse homem não é de Deus, porque não guarda o sábado” (9:16; cf 5:18). Nas duas situações, a acusação contra Cristo não envolve primariamente a ação da cura em si, mas violação das leis rabínicas do sábado, quando ordenou que o paralítico levasse a sua cama (5:8, 10, 12) e quando preparou o barro (9:6, 14). Nos dois exemplos Cristo repudiou a acusação de violar o sábado, argumentando que suas obras de salvação não eram impedidas e sim previstas pelo mandamento do sábado (5:17; 7:23; 9:4).
5.2 – O sábado não foi invalidado. O sábado para Cristo, o dia de trabalhar para a redenção de todo o homem. Nas duas curas, realmente, Cristo encontrou mais tarde, no mesmo dia, os homens curados, e ministrou quanto a suas necessidades espirituais (João 5:14; 9:35-38). Seus oponentes não podem perceber a natureza redentora do ministério de Cristo aos sábado porque eles “julgam segundo a aparência” (7:24). Considerando o fato de o paralítico carregar a cama no sábado mais importante do que a restauração física e a reunificação social que isto simbolizou (5:10-11). Achando que misturar o lodo no sábado seria mais significativo do que a restauração da vista ao cego (9:14, 15, 26).
As provocadoras infrações dos regulamentos rabínicos por parte de Cristo (tais como carregar uma cama ou misturar lodo no sábado) destinavam-se não a invalidar o mandamento do sábado, mas a restaurar o dia à sua função positiva.
6       – A COLHEITA DAS ESPIGAS
6.1      – A acusação dos rabinos.  
O episódio da colheita das espigas narrado em três Evangelhos (Marcos 2:23-28; Mateus 12:1-8; Lucas 6:1-5), traz a opinião dos rabinos, onde para eles os discípulos eram acusados de várias culpas. Por apanharem as espigas eram culpados de colher, pelo ato de as esfregarem em suas mãos eram culpados de joeirar; e por todo o procedimento eram culpados de preparar uma refeição em dia de sábado. Portanto, conforme sua ação como um notório desrespeito ao sábado, os fariseus censuram a Cristo, dizendo: “Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábado?” (Mar. 2:24).
6.1      – A primeira defesa.
É estranho, antes de qualquer coisa, que os discípulos estivessem matando a fome comendo espigas cruas colhidas ao longo da margem de um campo. Além disso, onde eles estavam indo em um sábado? O fato de os fariseus não fazerem nenhuma objeção à distância que estavam percorrendo sugere que não era superior a uma jornada de sábado – pouco mais de um quilômetro. Os textos nada dizem sobre o seu destino, mas a presença dos fariseus entre eles em dia de sábado sugere a possibilidade de Cristo e os discípulos terem assistido ao serviço na sinagoga e, não tendo recebido nenhum convite para comer, estarem passando pelos campos para procurar um lugar de descanso.
6.1 – A segunda defesa. Cristo lembrou aos fariseus que Davi e seus homens uma vez saciaram a fome comendo os pães da proposição, o que só era permitido aos sacerdotes (I Sam. 21:1-7). A implicação é clara. Se era direito para Davi aliviar a fome comendo pão consagrado ao uso santo, então também era direito para os discípulos satisfazerem suas necessidades colhendo espigas durante o tempo sagrado. Trata-se de um momento excepcional e não de violação.
CONCLUSÃO
O Sábado não se destina a ser um período de inútil inatividade. A Lei proíbe trabalho secular no dia de repouso do Senhor; aquilo que constitui o ganha pão deve cessar; nenhum trabalho que vise prazer ou proveito mundanos é lícito nesse dia; mas, como Deus cessou o Seu labor de criar e repousou no Sábado e o abençoou, assim deve o homem deixar as ocupações da vida diária e dedicar essas horas sagradas a um repouso saudável, ao culto e às boas obras. O ato de Cristo em curar o doente estava de perfeito acordo com a Lei. Era uma obra que honrava o Sábado. Esse trabalho de aliviar os sofredores foi considerado pelo nosso Salvador como obra de misericórdia e não uma violação do Sábado. Deve atender-se às necessidades da vida, cuidar dos doentes, suprir as faltas dos necessitados. O santo dia de repouso de Deus foi feito para o homem e os atos de misericórdia estão em perfeita harmonia com o Seu propósito.

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